quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Em sexto.

Entregou-lhe a carta que acabara de escrever.
Olharam-se completando o silêncio, sem despedida,deu lhe as costas.
Cada passo, disritmado, ecoava junto a uma harmonia de teclas e papéis ao vento.
Um soluço tímido pontuava a incerteza daquele momento.
Tirou o salto alto, colocou suas sandálias e deixou o escritório.
O calor lhe incomodava, o vento lhe apressava,rodeada de tantas pessoas, queria fugir.
Respirou fundo, como se fosse a ultima chance de fazê-lo.
Abriu a carta, seus olhos fitavam-na sem conseguir ler a primeira palavra.
Voltou a cena de dois dias atrás, onde sua felicidade era plena, onde sua presença era motivo de sorrisos.
Lembrou-se do seu ultimo copo de vinho, da sua ultima peça de roupa a ser tirada, do seu ultimo gemido e da porta do quarto se fechando.
Agora, com a carta na mão, já deduzia todo seu conteúdo,mas o pior,poderia ser a ultima vez em que a vira.
Culpou seu marido por não ter beijo tão doce, pele tão macia e olhar tão atraente.
Culpou sua familia por incentivar suas brincadeiras inocentes quando criança, por deixá-las dormir juntas e por ter feito aquela menina tão linda.
Culpou-se por ter demorado 25 anos para experimentar o amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário